Todas as citações nesta postagem são de entrevistas de professores com Mary Burns (n=21 países, 90 professores). Eles não são atribuídos propositalmente para proteger a privacidade dos professores.
Os professores valorizam e reconhecem os processos de formação contínua como sendo fundamentais para o desenvolvimento profissional? Ou os consideram como uma perda de tempo? Acreditam que isso os ajuda a tornarem-se profissionais mais competentes? Percebem que a formação contínua pode apresentar impactos positivos para aa aprendizagem dos alunos ou esses processos são frequentemente irrelevantes e demasiado teóricos para ter qualquer utilidade percebida?
A resposta a todas estas questões é sim.
As perspetivas dos professores sobre o processo de formação contínua para o seu desenvolvimento profissional são complexas e nuançadas. Muitos estão frustrados pela falta de oportunidades de desenvolvimento profissional. Outros consideram que a formação contínua é demasiada esporádica ou superficial para ser eficaz. Mesmo aqueles professores que têm acesso a um bom número de oportunidades de formação muitas vezes consideram a sua qualidade e utilidade como insuficientes, na melhor das hipóteses.
No entanto, apesar da variação na frequência e nas perceções de qualidade desigual, os professores reconhecem geralmente o valor da formação contínua para o desenvolvimento profissional docente, sabem o que é uma formação contínua eficaz e querem mais — não menos — disso. Quando bem realizadas, os professores identificam que as formações contínuas oportunizam reflexões e práticas que permitem abordar problemas e criar soluções diretamente relacionadas com as suas salas de aula. E os professores têm ideias que não devem ser ignoradas sobre como é possível melhorar os processos de formação contínua para seu desenvolvimento profissional.
Este blog partilha 5 perceções de professores sobre a melhoria nos processos de formação contínua para o desenvolvimento profissional docente. Baseia-se em entrevistas conduzidas por Mary Burns com 90 professores em 21 países, inicialmente como parte do Relatório de Monitoramento da Educação Global, e na pesquisa de Bianca Buse sobre comunidades de prática de professores no Brasil.
1. A formação contínua de professores deve ser colaborativa
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"O que aprecio na nossa escola é a eficácia coletiva. Resolvemos problemas e ensinamos uns aos outros em vez de esperar que o nosso gabinete distrital nos ajude. Quando eles vêm, é mais teórico."
Para os professores entrevistados, a formação contínua é bem-sucedida quando está enraizada na sua realidade profissional, no seu local de trabalho, capitalizando o seu conhecimento e experiências. Fundamental para isso é a colaboração, como destacado pelas citações dos professores acima.
A colaboração não só promove a inovação e a aprendizagem recíproca, aumenta a autoeficácia e a eficácia coletiva dos professores, e impulsiona a melhoria na prática docente. Os processos de formação contínua para o desenvolvimento profissional docente, quando colaborativos e focados nos problemas diários enfrentados pelos professores nas suas escolas têm sido elogiados como "a forma mais eficaz de aprendizagem profissional [porque] capacita os professores" para planear, avaliar, refletir, inovar e refletir (p. 7).